Parto da MC Mirella: entenda por que nem sempre o parto normal é possível e é preciso recorrer à cesárea

Funkeira e influenciadora, que transmitiu boa parte do parto em tempo real, contou que preferia ter tido parto normal, mas que, na última hora, optou pela cesárea. Dynho Alves, Mirella e Serena, filha recém-nascida Reprodução/ redes sociais Transmitido em grande parte ao vivo nas redes sociais, o parto da MC Mirella, funkeira e influenciadora com milhões de seguidores, movimentou a internet e gerou uma discussão sobre parto normal x cesárea. Mirella contou que planejava ter um parto normal e foi para o hospital assim que a bolsa rompeu. Foram horas em trabalho de parto, mas ela teve apenas quatro dedos de dilatação e decidiu fazer cesárea. O parceiro da MC, Dynho Alves, comentou em seu perfil que a cantora tentou até o último minuto ter parto normal. "Mirella está ali se recuperando. Ela é muito forte. Ela sofreu demais, mas no final deu tudo certo. A bichinha tentou até o último [minuto] o parto normal, mas a bichinha sofreu muito e ela optou pela cesárea e graças a Deus deu tudo certo. Mas a bichinha sofreu, sofreu", disse Dynho ao lado da parceira após o parto. Dynho Alvez (de azul escuro) se emociona ao lado de parceira ao ver a filha pela primeira vez Reprodução/ redes sociais Obstetras explicam que o parto normal não depende só do desejo e esforço da mãe, mas de fatores fisiológicos além do controle da gestante, como ter a dilatação no tempo certo e a posição do bebê. O g1 conversou com ginecologistas para explicar quais as condições para o parto normal e quando a cesárea é a única escolha. Veja abaixo: 1 - Quais as condições para um parto normal? Para o parto normal, é necessário que: A mãe e o bebê sejam avaliados e que os dois estejam saudáveis e fortes para passar pelo processo de parto normal. As condições físicas do corpo da mãe estejam aptas para passagem do bebê, como estrutura óssea e dilatação. A posição do bebê esteja adequada. Segundo especialistas, o parto normal traz benefícios tanto para o bebê e a mãe. Durante o parto, a mãe produz os hormônios ocitocina, que estudos indicam ser capaz de proteger o recém-nascido de danos no cérebro e ajudar no amadurecimento cerebral, e prolactina, que favorece a amamentação. A grande maioria vai por parto normal, mas é individualização, cada caso é um caso. 2 - Quando induzir um parto pode ser necessário? O médico ginecologista e obstetra Marcelo Steiner, professor da Faculdade de Medicina do ABC, explica que a indução para entrar em trabalho de parto pode ser feita com misoprostol ou ocitocina. O misoprostol é um medicamento usado em hospitais para induzir o parto em mulheres com dificuldades para ter dilatação e para expulsar fetos presos no útero após abortos naturais. A ocitocina é um hormônio responsável pelas contrações no trabalho de parto e pela formação do vínculo com o bebê depois que ele nasce. A utilização destes medicamentos também pode causar mais dores porque estimulam um processo que já é doloroso, como explica Steiner. A indução para o trabalho de parto na chamada fase ativa (caracterizada pelo aumento das contrações e da dilatação) pode acontecer por diversos motivos, como: Não haver dilatação de 1 centímetro a cada uma ou duas horas; Em situações em que se deve, por algum motivo, adiantar a interrupção da gestação; Quando a placenta já não alimenta a criança de maneira adequada, o que pode levar para o desenvolvimento de um processo de má nutrição ou crescimento inadequado; Quando se observa que é possível fazer o parto normal mesmo com algum possível problema no bebê ou na mãe. Considerando que vale a pena tanto para a mãe quanto para o bebê passar por esse processo, se opta por fazer a indução do trabalho de parto já que pode ser algo estressante. No caso da MC Mirella, foi relatado que ela já estava havia horas em trabalho de parto e a dilatação não passava de 4 centímetros, mas não se sabe ao certo se esse foi o único motivo para induzir a fase ativa do trabalho de parto. 3 - Quando a cesárea se torna a única escolha? Serena, filha recém-nascida de Dynho Alves e Mirella nos braços do obstetra Reprodução/ redes sociais Segundo Steiner, se a criança e a mãe estão bem, não há motivos para indicar a cesárea, mas o procedimento é uma opção para qualquer gestante. Geralmente, o procedimento é indicado nos seguintes casos: Quando o trabalho de parto normal não evolui; Se houver sangramento; Quando há descolamento de placenta; Se foi avaliado que o bebê não vai aguentar o trabalho de parto; Quando a mãe ou bebê apresenta alguma doença; Se a gestante tiver algum risco. A cesárea é uma ótima cirurgia e tem as indicações onde ela deve ser feita. Fazemos cesárea para salvar bebês e mães em casos que precisamos. Essa história de que ela é mais fácil e mais segura talvez venha da nossa cultura cesarista, de ser um país ainda com essa cultura de que passar pelo trabalho de parto é longo e doloroso. O obstetra Marcelo Steiner também explica que apenas a dor não é o suficiente para que cesárea seja indicada. Geralmente, a dor pode

Mar 8, 2024 - 17:38
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Parto da MC Mirella: entenda por que nem sempre o parto normal é possível e é preciso recorrer à cesárea

Funkeira e influenciadora, que transmitiu boa parte do parto em tempo real, contou que preferia ter tido parto normal, mas que, na última hora, optou pela cesárea. Dynho Alves, Mirella e Serena, filha recém-nascida Reprodução/ redes sociais Transmitido em grande parte ao vivo nas redes sociais, o parto da MC Mirella, funkeira e influenciadora com milhões de seguidores, movimentou a internet e gerou uma discussão sobre parto normal x cesárea. Mirella contou que planejava ter um parto normal e foi para o hospital assim que a bolsa rompeu. Foram horas em trabalho de parto, mas ela teve apenas quatro dedos de dilatação e decidiu fazer cesárea. O parceiro da MC, Dynho Alves, comentou em seu perfil que a cantora tentou até o último minuto ter parto normal. "Mirella está ali se recuperando. Ela é muito forte. Ela sofreu demais, mas no final deu tudo certo. A bichinha tentou até o último [minuto] o parto normal, mas a bichinha sofreu muito e ela optou pela cesárea e graças a Deus deu tudo certo. Mas a bichinha sofreu, sofreu", disse Dynho ao lado da parceira após o parto. Dynho Alvez (de azul escuro) se emociona ao lado de parceira ao ver a filha pela primeira vez Reprodução/ redes sociais Obstetras explicam que o parto normal não depende só do desejo e esforço da mãe, mas de fatores fisiológicos além do controle da gestante, como ter a dilatação no tempo certo e a posição do bebê. O g1 conversou com ginecologistas para explicar quais as condições para o parto normal e quando a cesárea é a única escolha. Veja abaixo: 1 - Quais as condições para um parto normal? Para o parto normal, é necessário que: A mãe e o bebê sejam avaliados e que os dois estejam saudáveis e fortes para passar pelo processo de parto normal. As condições físicas do corpo da mãe estejam aptas para passagem do bebê, como estrutura óssea e dilatação. A posição do bebê esteja adequada. Segundo especialistas, o parto normal traz benefícios tanto para o bebê e a mãe. Durante o parto, a mãe produz os hormônios ocitocina, que estudos indicam ser capaz de proteger o recém-nascido de danos no cérebro e ajudar no amadurecimento cerebral, e prolactina, que favorece a amamentação. A grande maioria vai por parto normal, mas é individualização, cada caso é um caso. 2 - Quando induzir um parto pode ser necessário? O médico ginecologista e obstetra Marcelo Steiner, professor da Faculdade de Medicina do ABC, explica que a indução para entrar em trabalho de parto pode ser feita com misoprostol ou ocitocina. O misoprostol é um medicamento usado em hospitais para induzir o parto em mulheres com dificuldades para ter dilatação e para expulsar fetos presos no útero após abortos naturais. A ocitocina é um hormônio responsável pelas contrações no trabalho de parto e pela formação do vínculo com o bebê depois que ele nasce. A utilização destes medicamentos também pode causar mais dores porque estimulam um processo que já é doloroso, como explica Steiner. A indução para o trabalho de parto na chamada fase ativa (caracterizada pelo aumento das contrações e da dilatação) pode acontecer por diversos motivos, como: Não haver dilatação de 1 centímetro a cada uma ou duas horas; Em situações em que se deve, por algum motivo, adiantar a interrupção da gestação; Quando a placenta já não alimenta a criança de maneira adequada, o que pode levar para o desenvolvimento de um processo de má nutrição ou crescimento inadequado; Quando se observa que é possível fazer o parto normal mesmo com algum possível problema no bebê ou na mãe. Considerando que vale a pena tanto para a mãe quanto para o bebê passar por esse processo, se opta por fazer a indução do trabalho de parto já que pode ser algo estressante. No caso da MC Mirella, foi relatado que ela já estava havia horas em trabalho de parto e a dilatação não passava de 4 centímetros, mas não se sabe ao certo se esse foi o único motivo para induzir a fase ativa do trabalho de parto. 3 - Quando a cesárea se torna a única escolha? Serena, filha recém-nascida de Dynho Alves e Mirella nos braços do obstetra Reprodução/ redes sociais Segundo Steiner, se a criança e a mãe estão bem, não há motivos para indicar a cesárea, mas o procedimento é uma opção para qualquer gestante. Geralmente, o procedimento é indicado nos seguintes casos: Quando o trabalho de parto normal não evolui; Se houver sangramento; Quando há descolamento de placenta; Se foi avaliado que o bebê não vai aguentar o trabalho de parto; Quando a mãe ou bebê apresenta alguma doença; Se a gestante tiver algum risco. A cesárea é uma ótima cirurgia e tem as indicações onde ela deve ser feita. Fazemos cesárea para salvar bebês e mães em casos que precisamos. Essa história de que ela é mais fácil e mais segura talvez venha da nossa cultura cesarista, de ser um país ainda com essa cultura de que passar pelo trabalho de parto é longo e doloroso. O obstetra Marcelo Steiner também explica que apenas a dor não é o suficiente para que cesárea seja indicada. Geralmente, a dor pode ser um parâmetro, mas a decisão de recorrer a uma cesariana acontece quando não há evolução no processo de dilatação. Hoje, a gente sabe que a paciente vai demandar essa questão da analgesia e ela está disponível para que a paciente fique bem ao longo do trabalho de parto para que ela se movimente sem sentir dor. Não existe parto onde não se sente absolutamente nada, a não ser a cesariana. 4 - Quando tempo dura a fase ativa do trabalho de parto? Segundo Steiner, o trabalho de parto pode durar até 20 horas a partir do momento em que entra na fase ativa. A fase ativa se caracteriza por ter 3 centímetros de dilatação e com pelo menos 3 contrações a cada 10 minutos. O ideal é que a cada 1 ou 2 horas a dilatação aumente um centímetro. (* Estagiária sob supervisão de Fernanda Calgaro) Cordão umbilical enrolado no pescoço é indicação de cesárea? Consigo ter um parto sem dor?

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