Tumor no esôfago: entenda o quadro de José Mujica

Ex-presidente do Uruguai disse em pronunciamento que tem um tumor no órgão e que o seu esôfago está "muito comprometido". Ele não deixou claro, porém, se o tumor é benigno ou maligno (câncer). Ex-presidente uruguaio, Pepe Mujica, durante reunião no Equador, em imagem de arquivo Reuters/Henry Romero O ex-presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, de 88 anos, anunciou nesta segunda-feira (29) que está com um tumor no esôfago. Segundo Mujica, o órgão está "muito comprometido". Ele não deixou claro, porém, se o tumor é benigno ou maligno (câncer). "Tenho que informar a vocês que, na última sexta-feira, ao fazer um check-up, descobriu-se que tenho um tumor no esôfago, que é algo muito comprometido", disse Mujica. O esôfago é um tubo que vai da garganta ao estômago. Entenda mais sobre o órgão abaixo e sobre o câncer de esôfago. O que é o esôfago? O Ministério da Saúde explica que quando mastigamos, a comida desce pela garganta e passa pelo esôfago, um tubo que vai pelo peito na frente da coluna vertebral, até chegar ao estômago, que está na barriga. Entre o esôfago e o estômago, há uma válvula que abre para deixar a comida passar e fecha imediatamente para impedir que o suco do estômago entre no esôfago. Em resumo, o órgão facilita a passagem de comida e líquidos da boca e garganta para o estômago. Também ajuda a expelir conteúdo do estômago pela boca em casos de vômito e arrotos. O que é um tumor no esôfago? Felipe Coimbra, líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C.Camargo Cancer Center, explica que um tumor no esôfago é um crescimento anormal de células que se formam no órgão. "Este tumor pode ser benigno, o que significa que não é cancerígeno e não se espalha para outras partes do corpo, ou maligno, o que indica que é cancerígeno e pode invadir tecidos próximos ou se espalhar para outras áreas", diz ele. O que é o câncer de esôfago? Segundo o NHS, o serviço de saúde britânico, o câncer do esôfago é um tipo de câncer encontrado em qualquer parte do esôfago, que também é conhecido como tubo digestivo. A gravidade desse câncer depende de onde está localizado no esôfago, do seu tamanho, se ele se espalhou e da saúde geral do paciente. "Existem dois tipos principais: o carcinoma de células escamosas, que geralmente ocorre na parte superior do esôfago, e o adenocarcinoma, que é mais comum na parte inferior do esôfago", detalha Coimbra. No Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de esôfago é mais comum entre homens, ocupando o sexto lugar em incidência, e o 15º entre as mulheres, excluindo o câncer de pele não melanoma. Globalmente, é o oitavo câncer mais comum, afetando homens cerca de duas vezes mais que mulheres. "O esôfago é um órgão circular semelhante a uma mangueira, composto por duas camadas, sendo a camada mais interna, o epitélio, usualmente a origem de tumores malignos. Existem outros tipos, como da camada muscular, porém são menos comuns", acrescenta Lucas Vieira dos Santos, Oncologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Quais os sintomas de câncer de esôfago? Ainda de acordo com o NHS, existem vários sintomas possíveis do câncer esofágico, mas eles podem ser difíceis de identificar. Eles podem afetar a digestão e causar: dificuldade para engolir (disfagia) sensação ou ato de vomitar azia ou refluxo ácido sintomas de indigestão, como arrotar frequentemente Outros sintomas incluem: uma tosse que não melhora voz rouca perda de apetite ou emagrecimento sem tentativa de fazê-lo sensação de cansaço ou falta de energia dor na garganta ou no meio do peito, especialmente ao engolir fezes pretas ou tossir sangue (embora esses sintomas sejam raros) O cigarro é o principal fator de risco, e o álcool potencializa seu efeito negativo. Há um sinergismo, especialmente para o tipo escamoso, mas também emergem outras causas, como obesidade e refluxo gastroesofágico, que aumentam o risco. Quais são os fatores de risco? Ainda de acordo com o Inca, alguns fatores aumentam o risco de câncer de esôfago. Eles incluem: O conusmo de bebidas muito quentes O consumo excessivo de álcool Excesso de peso e refluxo Tabagismo. Histórico de outros cânceres Condições médicas como esôfago de Barrett (crescimento anormal de células do tipo colunar para dentro do esôfago) Exposição a substâncias químicas da construção civil, de carvão e de metal, vapores de combustíveis fósseis, óleo mineral, herbicidas, entre outras E como é feito o tratamento do câncer? Ainda segundo o Inca, o tratamento do câncer de esôfago varia de acordo com o estágio da doença e a condição do paciente. Ele pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia, isoladamente ou em combinação. "A cirurgia é uma opção comum, e a principal opção curativa, quando possível, que pode envolver a remoção do tumor ou de parte do esôfago. A quimioterapia e a radioterapia também são muito utilizadas, seja como tratamento principal, para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou após a cirurgia para elim

Abril 30, 2024 - 20:04
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Tumor no esôfago: entenda o quadro de José Mujica

Ex-presidente do Uruguai disse em pronunciamento que tem um tumor no órgão e que o seu esôfago está "muito comprometido". Ele não deixou claro, porém, se o tumor é benigno ou maligno (câncer). Ex-presidente uruguaio, Pepe Mujica, durante reunião no Equador, em imagem de arquivo Reuters/Henry Romero O ex-presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, de 88 anos, anunciou nesta segunda-feira (29) que está com um tumor no esôfago. Segundo Mujica, o órgão está "muito comprometido". Ele não deixou claro, porém, se o tumor é benigno ou maligno (câncer). "Tenho que informar a vocês que, na última sexta-feira, ao fazer um check-up, descobriu-se que tenho um tumor no esôfago, que é algo muito comprometido", disse Mujica. O esôfago é um tubo que vai da garganta ao estômago. entenda mais sobre o órgão abaixo e sobre o câncer de esôfago. O que é o esôfago? O Ministério da Saúde explica que quando mastigamos, a comida desce pela garganta e passa pelo esôfago, um tubo que vai pelo peito na frente da coluna vertebral, até chegar ao estômago, que está na barriga. Entre o esôfago e o estômago, há uma válvula que abre para deixar a comida passar e fecha imediatamente para impedir que o suco do estômago entre no esôfago. Em resumo, o órgão facilita a passagem de comida e líquidos da boca e garganta para o estômago. Também ajuda a expelir conteúdo do estômago pela boca em casos de vômito e arrotos. O que é um tumor no esôfago? Felipe Coimbra, líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C.Camargo Cancer Center, explica que um tumor no esôfago é um crescimento anormal de células que se formam no órgão. "Este tumor pode ser benigno, o que significa que não é cancerígeno e não se espalha para outras partes do corpo, ou maligno, o que indica que é cancerígeno e pode invadir tecidos próximos ou se espalhar para outras áreas", diz ele. O que é o câncer de esôfago? Segundo o NHS, o serviço de saúde britânico, o câncer do esôfago é um tipo de câncer encontrado em qualquer parte do esôfago, que também é conhecido como tubo digestivo. A gravidade desse câncer depende de onde está localizado no esôfago, do seu tamanho, se ele se espalhou e da saúde geral do paciente. "Existem dois tipos principais: o carcinoma de células escamosas, que geralmente ocorre na parte superior do esôfago, e o adenocarcinoma, que é mais comum na parte inferior do esôfago", detalha Coimbra. No Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de esôfago é mais comum entre homens, ocupando o sexto lugar em incidência, e o 15º entre as mulheres, excluindo o câncer de pele não melanoma. Globalmente, é o oitavo câncer mais comum, afetando homens cerca de duas vezes mais que mulheres. "O esôfago é um órgão circular semelhante a uma mangueira, composto por duas camadas, sendo a camada mais interna, o epitélio, usualmente a origem de tumores malignos. Existem outros tipos, como da camada muscular, porém são menos comuns", acrescenta Lucas Vieira dos Santos, Oncologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Quais os sintomas de câncer de esôfago? Ainda de acordo com o NHS, existem vários sintomas possíveis do câncer esofágico, mas eles podem ser difíceis de identificar. Eles podem afetar a digestão e causar: dificuldade para engolir (disfagia) sensação ou ato de vomitar azia ou refluxo ácido sintomas de indigestão, como arrotar frequentemente Outros sintomas incluem: uma tosse que não melhora voz rouca perda de apetite ou emagrecimento sem tentativa de fazê-lo sensação de cansaço ou falta de energia dor na garganta ou no meio do peito, especialmente ao engolir fezes pretas ou tossir sangue (embora esses sintomas sejam raros) O cigarro é o principal fator de risco, e o álcool potencializa seu efeito negativo. Há um sinergismo, especialmente para o tipo escamoso, mas também emergem outras causas, como obesidade e refluxo gastroesofágico, que aumentam o risco. Quais são os fatores de risco? Ainda de acordo com o Inca, alguns fatores aumentam o risco de câncer de esôfago. Eles incluem: O conusmo de bebidas muito quentes O consumo excessivo de álcool Excesso de peso e refluxo Tabagismo. Histórico de outros cânceres Condições médicas como esôfago de Barrett (crescimento anormal de células do tipo colunar para dentro do esôfago) Exposição a substâncias químicas da construção civil, de carvão e de metal, vapores de combustíveis fósseis, óleo mineral, herbicidas, entre outras E como é feito o tratamento do câncer? Ainda segundo o Inca, o tratamento do câncer de esôfago varia de acordo com o estágio da doença e a condição do paciente. Ele pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia, isoladamente ou em combinação. "A cirurgia é uma opção comum, e a principal opção curativa, quando possível, que pode envolver a remoção do tumor ou de parte do esôfago. A quimioterapia e a radioterapia também são muito utilizadas, seja como tratamento principal, para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou após a cirurgia para eliminar quaisquer células cancerígenas remanescentes", explica Coimbra. Em casos iniciais, a remoção do tumor pode ser feita durante a endoscopia. Para a cura, é comum começar com quimioterapia e radioterapia, seguidas pela cirurgia. Em estágios avançados ou para pacientes frágeis, o tratamento é principalmente paliativo, usando radioterapia, quimioterapia ou ambos. Opções de cuidados paliativos incluem dilatações endoscópicas, próteses para alargar o esôfago e braquiterapia.

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