Solidão crônica pode aumentar risco de AVC em adultos mais velhos

Descoberta é de estudo que acompanhou pessoas com mais de 50 anos durante período de 12 anos; "solidão situacional" não apresentou o mesmo risco Este conteúdo foi originalmente publicado em Solidão crônica pode aumentar risco de AVC em adultos mais velhos no site CNN Brasil.

Jul 1, 2024 - 17:18
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Solidão crônica pode aumentar risco de AVC em adultos mais velhos

A Solidão crônica pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC) em adultos mais velhos, segundo um novo estudo liderado pela Escola de Saúde Pública T.H. Chan, da Havard. O trabalho foi publicado nesta segunda-feira (24) na revista eClinicalMedicine.

Os pesquisadores acompanharam adultos com mais de 50 anos durante um período de 12 anos e descobriram que aqueles que experimentaram Solidão crônica ao longo desse período apresentaram um risco 56% maior de AVC em comparação com aqueles que relataram não se sentirem sozinhos. Além disso, o estudo mostrou que aqueles que experimentaram a Solidão situacional não apresentaram um risco elevado de ter a condição, sugerindo que o impacto da Solidão no risco cardiovascular ocorre a longo prazo.

“A Solidão é cada vez mais considerada um importante problema de saúde pública. Nossas descobertas destacam ainda mais o porquê disso”, diz a autora principal do estudo, Yenee Soh, pesquisadora associada do Departamento de Ciências Sociais e Comportamentais.

“Especialmente quando vivenciada de forma crônica, o nosso estudo sugere que a Solidão pode desempenhar um papel importante na incidência de AVC, que já é uma das principais causas de incapacidade e mortalidade a longo prazo em todo o mundo.”

O estudo foi um dos primeiros a analisar a associação entre Solidão e o risco de AVC ao longo do tempo, segundo os pesquisadores. Para isso, eles utilizaram dados de 2006 a 2018 do Health and Retirement Study (HRS).

Entre 2006 e 2008, 12.161 participantes — todos adultos com 50 anos ou mais, sem histórico de AVC — responderam perguntas da Escala Revisada de Solidão, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). A partir dessa escala, os pesquisadores criaram pontuações para classificar o nível de Solidão.

Quatro anos depois, entre 2010 e 2012, 8.936 participantes que permaneceram no estudo responderam novamente às mesmas perguntas. Os pesquisadores, então, dividiram as pessoas em quatro grupos, de acordo com suas pontuações de Solidão nos dois momentos de pesquisa:

  • Consistentemente baixo: participantes que tiveram pontuação baixa na escala de Solidão tanto no início, quanto no acompanhamento;
  • Remitentes: aqueles com pontuação alta no início do estudo e baixa no acompanhamento;
  • Início recente: aqueles com pontuação baixa no início e alta no acompanhamento; e
  • Consistentemente alto: aqueles com pontuação alta tanto no início quanto no acompanhamento.

Entre os participantes cuja Solidão foi medida apenas no início do estudo, ocorreram 1.237 casos de AVC, entre 2006 e 2018. Já entre os participantes que forneceram duas avaliações da Solidão, ocorreram 601 casos de AVCs no mesmo período.

Os investigadores analisaram o risco de AVC de cada grupo durante o período de estudo no contexto das suas experiências de Solidão, controlando outros fatores de risco comportamentais e de saúde que poderiam estar relacionados ao risco cardiovascular. É o caso de isolamento social e sintomas depressivos.

Solidão crônica representa risco maior

Os resultados do estudo mostraram uma ligação entre Solidão e um maior risco de AVC, principalmente entre os participantes que apresentavam Solidão crônica (ou seja, uma pontuação consistentemente alta de Solidão ao longo dos anos).

Segundo a pesquisa, quando a Solidão foi avaliada apenas no início do estudo, os participantes considerados solitários tiveram um risco 25% maior de acidente vascular cerebral do que aqueles não considerados solitários. Entre os participantes que relataram Solidão em dois momentos, aqueles no grupo “consistentemente alto” tiveram um risco 56% maior de AVC do que aqueles no grupo “consistentemente baixo”, mesmo após contabilizados outros fatores de risco.

Além disso, a análise mostrou que aqueles que experimentaram Solidão remitente ou de início recente não mostraram um padrão claro de aumento no risco de AVC, sugerindo que o impacto da Solidão na saúde cardiovascular acontece a longo prazo.

“Avaliações repetidas da Solidão podem ajudar a identificar aqueles que são cronicamente solitários e, portanto, correm maior risco de acidente vascular cerebral. Se não conseguirmos lidar com os seus sentimentos de Solidão, numa escala micro e macro, poderá haver consequências profundas para a saúde”, afirma Soh. “É importante ressaltar que estas intervenções devem visar especificamente a Solidão, que é uma percepção subjetiva e não deve ser confundida com o isolamento social.”

Os pesquisadores ressaltam que mais pesquisas devem ser feitas para analisar tanto as mudanças sutis na Solidão no curto prazo, quanto padrões de Solidão a um longo período para entender com mais profundidade a relação do sentimento com o AVC. Eles também observaram que os resultados do estudo são limitados a adultos de meia-idade e idosos, e que não podem ser generalizáveis a pessoas mais jovens.

Solidão aumenta o risco de a pessoa adoecer e morrer

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