Óleo de neem: Piracicaba testa inseticida natural em projeto-piloto para frear o aumento dos casos de dengue na cidade; entenda

Ruas do Boa Esperança serão nebulizadas com produto orgânico nesta quinta-feira (11). Profissionais consultados pelo g1 explicam sobre a origem, aplicações e propriedades do óleo de neem, usado na ação. inseticida orgânico: Piracicaba inicia nebulização contra dengue com óleo de neen A Prefeitura de Piracicaba (SP) anunciou que vai testar um inseticida natural, à base de óleo de neem (ou nim), no combate ao Aedes aegypti, na cidade. A ação integra um projeto-piloto que pretende frear o aumento dos casos de dengue no município. O produto, segundo anúncio do Executivo na tarde desta terça-feira (9), não oferece risco ao seres humanos ou ao meio ambiente. O inseticida orgânico será aplicado por meio de nebulização. - Entenda mais sobre o inseticida e as ações na reportagem. ???? Prefeitura testa inseticida natural no combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue Prefeitura de Piracicaba/CCS Piracicaba (SP) registra o pior cenário de dengue desde 2000. A cidade tem quatro mortes confirmadas e soma 6.718 casos positivos da doença, segundo levantamento mais recente, divulgado pela prefeitura nesta terça-feira (9). ????A marca representa aumento de 14% em quatro dias. Até 5 de abril, a cidade registrava 5.892 casos. Veja, detalhes abaixo. O óleo de neem é usado, entre outros fins, no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela. ???? Acesse a nova comunidade do g1 Piracicaba e fique por dentro das notícias da região Bairro O teste com o produto será realizado entre as Ruas Murici e Raul Ataíde, no Boa Esperança, nesta quinta-feira (11), a partir das 8h. A região foi escolhida, aponta a prefeitura, devido a incidência de casos de dengue. Segundo a prefeitura, os moradores foram informados sobre a ação por meio de carros de som. A ação, ainda conforme a administração municipal, não afetará a rotina das pessoas que vivem ou precisam passar pelo local. "Não é necessário sair das residências nem qualquer outro tipo de mudança na rotina. Dependendo dos resultados, que serão avaliados por um período mínimo de um mês, será dada continuidade ao projeto", disse em nota enviada à imprensa. Repelente Segundo informações do fornecedor do produto, a ação do óleo de neem é comprovada em todo o ciclo de vida do mosquito Aedes. Funciona como repelente, bloqueia a muda de larvas ou ninfas, impede a comunicação sexual e o acasalamento, impede que as fêmeas depositem os ovos e esteriliza insetos adultos, entre outras vantagens. “Precisamos agir contra o Aedes o mais rápido possível. O produto que vamos utilizar no combate não causa prejuízos ao meio ambiente e às pessoas e pode ser usado tanto na área rural quanto urbana no impedimento da circulação do mosquito, o que deve, consequentemente diminuir os casos da doença”, explica Sebastião Amaral Campos, o Tom, coordenador do Programa Municipal de Combate ao Aedes (PMCA), ligado ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Secretaria Municipal de Saúde. Prefeitura de Piracicaba testa inseticida natural feito à base de óleo de neem para ações de combate ao mosquito transmissor da dengue. Reprodução/NE Rural/Globoplay Conheça ações e propriedades do óleo à base de neem Profissionais consultados pelo g1 Piracicaba e região explicam sobre as origens, características e propriedades do nem, bem como potenciais aplicações do óleo extraído da planta na produção de inseticidas naturais. O engenheiro florestal, pesquisador e consultor do projeto de reflorestamento Corredor Caipira em Piracicaba, Girlei Cunha, afirma que a neem (ou nim) é uma espécie parente do cinamono. "Esse é uma árvore comumente plantada para obtenção de óleos justamente porque tem propriedade inseticida. No caso da aplicação em ações de nebulização para combate ao mosquito da dengue, o que se pode dizer é que é tem baixos riscos de toxidade", afirma. A farmacêutica Katiane Cardoso trabalha há mais de duas décadas na área de manipulação de fórmulas de medicamentos, cosméticos e suplementos em estabelecimento do ramo com 27 anos de existência no bairro Jardim Petrópolis em Piracicaba. A profissional explica que a neem (ou nim) é uma árvore de origem indiana com ações medicinais, terapêuticas e profiláticas, ainda não tão amplamente conhecida no Brasil. O óleo de neem é usado na fabricação de shampoos, cremes dentais, repelentes, desodorantes e sabonetes. “A planta, também conhecida como ‘árvore-sagrada’ ou ‘árvore da vida’, contém compostos fitoquímicos em abundância, como os isoprenóides, nimbolida e nimbidina, que agem como antifúngico, antissépticos e vermífugos. Por isso, a neem pode ajudar no tratamento de problemas como acne, caspa, psoríase e catapora. Ela contém substâncias bioativas com ação repelente, como azadiractina e meliantrol, que são importantes no combate a carrapatos, moscas e mosquitos”, descreve. Larva do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue e da chikungunya Rogério Capela/Divulgação Katiane explica ainda que o óleo de neem é extraído, mais especificamente, da amêndoa encontrada dentro da semente do fruto da árvore. “O óleo, geralmente, começa a ser produzido a partir dos três anos de idade da planta. No processo, as amêndoas precisam ser limpas e terem sua casca retirada. Depois disso, são trituradas e prensadas para a obtenção do óleo”, detalha. A profissional acredita que o óleo de neem pode ser uma ferramenta complementar no combate à dengue. “Claro, quando integradas à iniciativas de controle vetorial”, pondera. Ela menciona que alguns estudos científicos, no Brasil e na Índia, apontaram eficácia do uso do óleo de neem em iniciativas contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que é o transmissor da dengue, em diferentes fases de desenvolvimento do vetor. “Pesquisas demonstraram eficácia. Um estudo no Brasil apresentou redução de 70 % na população de mosquitos, após a aplicação do óleo de neem em criadouros. Outro estudo na Índia obteve resultado de 80 % nos casos de dengue. A organização mundial de saúde (OMS), classifica o classifica como produto de baixa toxicidade, para humanos e animais", aponta. Cenário da dengue na cidade Com apenas três meses do ano completos, Piracicaba (SP) já tem o pior cenário de dengue desde 2000. O levantamento foi feito com base nos dados do Instituto de Pesquisas e Planejamentos de Piracicaba (Ipplap) e da Vigilância Epidemiológica, e apontam que, até então, o cenário mais grave para a doença na cidade tinha sido registrado em 2007, quando o município atingia 5.681 casos de dengue. ???? Clique aqui é veja gráfico a série histórica de confirmações da dengue até os primeiros dias de abril de 2024 em Piracicaba. Em 2019, houve outro pico de casos, com 5.356. No entanto, os dados de anos anteriores se referem às confirmações da doença ao longo de 12 meses. Agentes de Saúde de Piracicaba durante vistorias de imóveis em combate à dengue, em Piracicaba Prefeitura de Piracicaba/CCS ????Atendimento Quando buscar atendimento? Na metrópole, a orientação da Secretaria de Saúde é que todo morador que apresentar febre alta (39ºC a 40ºC) de início repentino e tiver pelo menos dois dos demais sintomas, deve procurar imediatamente um serviço de saúde. Os principais sintomas, além da febre, são: dor de cabeça, prostração (fraqueza, abatimento, moleza), dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos. Em Piracicaba são mais de 70 unidades abertas com equipes preparadas para atender e acompanhar os casos suspeitos e confirmados da doença. A cidade ampliou o atendimento a casos de dengue nas unidades básicas, com horários exclusivos nas UBSs para suspeitos e confirmados para a doença. Aedes aegypti Freepik Como evitar a dengue???? Veja algumas das orientações da Saúde para evitar a dengue: Utilizar repelente, principalmente em lugares fechados; Eliminar focos de água parada; Manter os pratos de vasos de flores e plantas com areia até a borda; Guardar garrafas com a boca virada para baixo; Limpar sempre as calhas dos canos; Não jogar lixo em terrenos baldios; Colocar o lixo sempre em sacos fechados; Manter baldes e caixa d’água devidamente tampados e piscinas com colocação de cloro; Não deixar acumular água em pneus; Furar latas de alumínio antes de serem descartadas para não acumular água; Lavar bebedouros de aves e animais pelo menos uma vez por semana; Em caso de suspeita da doença, entrar em contato imediatamente com a unidade de saúde mais próxima da residência e jamais utilizar medicação por conta própria. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e Região Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba