Esclerose múltipla: veneno de cascavel mostra potencial para virar tratamento

Cientistas do Instituto Butantan descobriram que proteína da substância pode atuar em neurotransmissor com efeitos positivos Este conteúdo foi originalmente publicado em Esclerose múltipla: veneno de cascavel mostra potencial para virar tratamento no site CNN Brasil.

Jun 6, 2024 - 18:31
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Esclerose múltipla: veneno de cascavel mostra potencial para virar tratamento

O Instituto Butantan detectou um possível novo tratamento para a esclerose múltipla a partir do uso da proteína do veneno da cobra-cascavel. A informação foi divulgada no site oficial do centro de pesquisa na segunda-feira (27).

A substância obtida da peçonha, chamada crotoxina, teria capacidade de atuar na acetilcolina, um neurotransmissor fundamental para o funcionamento do sistema nervoso.

Um estudo feito com animais publicado na revista Brain, Behavior, and Immunity mostrou que o composto estudado evitou o desenvolvimento da doença em 40% da amostra tratada.

O estudo também apontou que aqueles que não ficaram doentes apresentaram níveis aumentados de genes para receptores em que a acetilcolina atua, enquanto os doentes tiveram estes genes suprimidos.

Isso significou que a regulação da via da acetilcolina pode ser importante no controle da esclerose múltipla.

Apesar dos resultados encontrados, a pesquisa, que traz uma nova perspectiva sobre o tratamento da doença, está em estágio inicial e ainda não há previsão de se tornar um produto.

A proteína presente no veneno da cascavel é estudada pelo Butantan há mais de 20 anos. Testes em modelos animais já haviam demonstrado diversos benefícios da substância, como reduzir a inflamação de sepse (quando substâncias químicas desencadeiam uma inflamação em todo o corpo), inibir a proliferação de células tumorais e aumentar a resposta do sistema imune ao câncer.

A esclerose múltipla é uma doença autoimune neurológica crônica que acomete quase 2 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, estima-se que 40 mil indivíduos convivam com a doença. A condição ocorre quando o sistema imune ataca o cérebro e a medula espinhal, e os sintomas dependem da localização e da gravidade dos danos.

De difícil diagnóstico, a doença pode se manifestar de forma variada em cada pessoa, com sintomas que vêm e vão. Entre os efeitos da enfermidade estão problemas de visão, cansaço, tontura, dificuldade para caminhar e manter o equilíbrio, dormência, formigamento ou fraqueza nos braços e pernas.

É possível ter piora durante infecções, frio extremo, calor, fadiga, exercício físico, desidratação, variações hormonais e estresse emocional.

Não existe cura para a esclerose múltipla, mas os fármacos atuais ajudam a controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e retardar a progressão da doença.

No entanto, seu acesso é limitado: a terapia pode custar até US$ 90 mil (R$ 450 mil) por ano por paciente, segundo a Sociedade de Esclerose Múltipla dos Estados Unidos.

A ciência segue buscando tratamentos mais eficazes, de baixo custo e com menos efeitos adversos. No Brasil, há alguns medicamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

Este conteúdo foi originalmente publicado em Esclerose múltipla: veneno de cascavel mostra potencial para virar tratamento no site CNN Brasil.

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