Dengue: epidemia em Campinas este ano deve ficar entre as piores da história, diz especialista

Com menos de dois meses, 2024 já está entre os 10 anos com mais casos da doença. Jardim Eulina, Jardim Aurélia e Sousas lideram ranking. Aedes Aegypti, mosquito que transmite a dengue Reprodução/EPTV O número de casos confirmados de dengue em Campinas (SP) chegou a 4.518 nesta segunda-feira (19), segundo a Secretaria Municipal de Saúde, e esse avanço nas confirmações da doença indica que em 2024 a cidade pode ter uma das piores epidemias da história. ???? Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp É o que afirma o médico epidemiologista André Ribas Freitas, professor da Faculdade São Leopoldo Mandic e ex-coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue. "Eu acredito que deve ser um ano entre os piores já registrados porque começou muito precocemente e ainda vai ter muito tempo para a dengue continuar transmitindo", disse Freitas ao g1. A possibilidade de uma epidemia de grande magnitude também preocupa a prefeitura. Segundo a epidemiologista Andrea Von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), vários fatores podem contribuir: As condições climáticas (calor e chuva); Alta infestação do mosquito transmissor; Circulação simultânea de três sorotipos da dengue (entenda abaixo). Segundo Andrea, uma série de medidas visando este enfrentamento são tomadas pela Prefeitura desde o fim de 2023. "Portanto, a extensão e gravidade da epidemia dependem da colaboração da população em relação ao controle de criadouros do mosquito transmissor", disse em nota. Estatísticas do Devisa mostram que 80% dos criadouros estão nas residências. Profissional realiza dedetização para combater mosquito da dengue em Campinas Reprodução/EPTV LEIA MAIS: Dengue: entenda sintomas, cuidados e sinais de alerta da doença Ranking por ano A declaração do especialista se soma aos dados atualizados nesta segunda pela Saúde. Em menos de dois meses, a epidemia de dengue em 2024 já está entre as 10 maiores já registradas na cidade, segundo a série histórica desde 1998. Veja ranking: 2015: 65.754 casos 2014: 42.405 casos 2019: 26.341 casos 2023: 11.476 casos 2007: 11.442 casos 2022: 11.277 casos 2013: 7.030 casos 2024 (até 19/02): 4.518 casos ⬅ 2020: 3.949 casos 2016: 3.280 casos Bairros com mais casos Segundo a atualização desta segunda, o Jardim Eulina continua sendo o bairro com mais casos. Veja lista dos 10 locais com mais confirmações da doença: Jardim Eulina: 451 casos Aurélia: 166 casos Sousas: 146 casos Barão Geraldo: 140 casos São Bernardo: 128 casos Centro: 126 casos Mansões Santo Antônio: 116 casos São Quirino: 111 casos Taquaral: 109 casos DIC III: 108 casos Novos sorotipos circulando na cidade A prefeitura confirmou a reintrodução em Campinas dos sorotipos 2 e 3 da dengue. O tipo 2 não circulava desde 2021 e o 3 desde 2009. A chegada das novas variantes da doença deixou autoridades em alerta. Entenda por que em quatro pontos: Quatro sorotipos da dengue circulam no Brasil: 1, 2, 3 e 4; A pessoa diagnosticada com a dengue só cria anticorpos (defesa) do sorotipo específico que contraiu, portanto, o paciente pode ter dengue 4 vezes na vida; Como o sorotipo 3 não é detectado em Campinas há 15 anos, uma parte grande da população não tem anticorpos para esse tipo da doença, principalmente crianças e adolescentes. Por isso, há o maior risco de infecção nos moradores em caso de contato com o mosquito transmissor. Nos últimos anos, o sorotipo 1 predominou em Campinas, por isso, a chegada dos sorotipos 2 e 3 na cidade pode gerar quadro mais graves. Isso porque a reinfecção de dengue por um sorotipo diferente é fator de risco para a dengue grave, conhecida como dengue hemorrágica. "A segunda infecção por qualquer sorotipo do dengue é predominantemente mais grave que a primeira, independentemente dos sorotipos e de sua seqüência", explicou o Ministério da Saúde (MS) em nota técnica. Campinas faz mutirões de dengue Rogério Capela O que diz a Prefeitura A epidemiologista e diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), Andrea Von Zuben, avaliou que as condições climáticas aliadas à alta infestação vetorial e circulação concomitante de três sorotipos na cidade são motivos de preocupação sobre a possibilidade de uma epidemia de grande magnitude. Uma série de medidas visando este enfrentamento são tomadas pela Prefeitura desde o fim de 2023, portanto, a extensão e gravidade da epidemia dependem da colaboração da população em relação ao controle de criadouros do mosquito transmissor. Desde dezembro 2023, a Secretaria de Saúde já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais, sobre o plano regular de prevenção e combate à dengue, que inclusive começaram a ser copiadas por outros municípios brasileiros diante do contexto do aumento de casos da doença. Uma delas é o uso de drones em mutirões para tentar localizar e eliminar grandes criadouros do Aedes aegypti em imóveis fechados. Neste ano, agentes de Saúde já visitaram 18,4 mil residências e comércios em quatro mutirões

Mar 8, 2024 - 17:37
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Dengue: epidemia em Campinas este ano deve ficar entre as piores da história, diz especialista

Com menos de dois meses, 2024 já está entre os 10 anos com mais casos da doença. Jardim Eulina, Jardim Aurélia e Sousas lideram ranking. Aedes Aegypti, mosquito que transmite a dengue Reprodução/EPTV O número de casos confirmados de dengue em Campinas (SP) chegou a 4.518 nesta segunda-feira (19), segundo a Secretaria Municipal de Saúde, e esse avanço nas confirmações da doença indica que em 2024 a cidade pode ter uma das piores epidemias da história. ???? Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp É o que afirma o médico epidemiologista André Ribas Freitas, professor da Faculdade São Leopoldo Mandic e ex-coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue. "Eu acredito que deve ser um ano entre os piores já registrados porque começou muito precocemente e ainda vai ter muito tempo para a dengue continuar transmitindo", disse Freitas ao g1. A possibilidade de uma epidemia de grande magnitude também preocupa a prefeitura. Segundo a epidemiologista Andrea Von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), vários fatores podem contribuir: As condições climáticas (calor e chuva); Alta infestação do mosquito transmissor; Circulação simultânea de três sorotipos da dengue (entenda abaixo). Segundo Andrea, uma série de medidas visando este enfrentamento são tomadas pela Prefeitura desde o fim de 2023. "Portanto, a extensão e gravidade da epidemia dependem da colaboração da população em relação ao controle de criadouros do mosquito transmissor", disse em nota. Estatísticas do Devisa mostram que 80% dos criadouros estão nas residências. Profissional realiza dedetização para combater mosquito da dengue em Campinas Reprodução/EPTV LEIA MAIS: Dengue: entenda sintomas, cuidados e sinais de alerta da doença Ranking por ano A declaração do especialista se soma aos dados atualizados nesta segunda pela Saúde. Em menos de dois meses, a epidemia de dengue em 2024 já está entre as 10 maiores já registradas na cidade, segundo a série histórica desde 1998. Veja ranking: 2015: 65.754 casos 2014: 42.405 casos 2019: 26.341 casos 2023: 11.476 casos 2007: 11.442 casos 2022: 11.277 casos 2013: 7.030 casos 2024 (até 19/02): 4.518 casos ⬅ 2020: 3.949 casos 2016: 3.280 casos Bairros com mais casos Segundo a atualização desta segunda, o Jardim Eulina continua sendo o bairro com mais casos. Veja lista dos 10 locais com mais confirmações da doença: Jardim Eulina: 451 casos Aurélia: 166 casos Sousas: 146 casos Barão Geraldo: 140 casos São Bernardo: 128 casos Centro: 126 casos Mansões Santo Antônio: 116 casos São Quirino: 111 casos Taquaral: 109 casos DIC III: 108 casos Novos sorotipos circulando na cidade A prefeitura confirmou a reintrodução em Campinas dos sorotipos 2 e 3 da dengue. O tipo 2 não circulava desde 2021 e o 3 desde 2009. A chegada das novas variantes da doença deixou autoridades em alerta. Entenda por que em quatro pontos: Quatro sorotipos da dengue circulam no Brasil: 1, 2, 3 e 4; A pessoa diagnosticada com a dengue só cria anticorpos (defesa) do sorotipo específico que contraiu, portanto, o paciente pode ter dengue 4 vezes na vida; Como o sorotipo 3 não é detectado em Campinas há 15 anos, uma parte grande da população não tem anticorpos para esse tipo da doença, principalmente crianças e adolescentes. Por isso, há o maior risco de infecção nos moradores em caso de contato com o mosquito transmissor. Nos últimos anos, o sorotipo 1 predominou em Campinas, por isso, a chegada dos sorotipos 2 e 3 na cidade pode gerar quadro mais graves. Isso porque a reinfecção de dengue por um sorotipo diferente é fator de risco para a dengue grave, conhecida como dengue hemorrágica. "A segunda infecção por qualquer sorotipo do dengue é predominantemente mais grave que a primeira, independentemente dos sorotipos e de sua seqüência", explicou o Ministério da Saúde (MS) em nota técnica. Campinas faz mutirões de dengue Rogério Capela O que diz a Prefeitura A epidemiologista e diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), Andrea Von Zuben, avaliou que as condições climáticas aliadas à alta infestação vetorial e circulação concomitante de três sorotipos na cidade são motivos de preocupação sobre a possibilidade de uma epidemia de grande magnitude. Uma série de medidas visando este enfrentamento são tomadas pela Prefeitura desde o fim de 2023, portanto, a extensão e gravidade da epidemia dependem da colaboração da população em relação ao controle de criadouros do mosquito transmissor. Desde dezembro 2023, a Secretaria de Saúde já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais, sobre o plano regular de prevenção e combate à dengue, que inclusive começaram a ser copiadas por outros municípios brasileiros diante do contexto do aumento de casos da doença. Uma delas é o uso de drones em mutirões para tentar localizar e eliminar grandes criadouros do Aedes aegypti em imóveis fechados. Neste ano, agentes de Saúde já visitaram 18,4 mil residências e comércios em quatro mutirões e ações de visitas às residências que antecederam estes trabalhos específicos para orientar a população e eliminar criadouros do mosquito transmissor da doença. Além disso, somente em 3 de fevereiro, um mutirão da Secretaria de Serviços Públicos recolheu 1,4 mil toneladas de lixo e entulho descartados irregularmente em áreas públicas de Campinas. O plano inclui uma Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e um novo site para divulgar informações. Os mutirões começaram em 6 de janeiro, nas regiões com mais casos suspeitos e confirmados, e a programação com esta frequência está mantida pelo menos até o início de abril. Estatísticas do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) mostram que 80% dos criadouros estão nas residências. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

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