Covid-19: pesquisadores alertam para possibilidade de nova onda da doença

Brasília registrou primeira morte por Covid em 2024. 'Vírus nunca deixou de circular', explica pesquisador da UnB que estuda contágio com cientistas de outras três universidades federais; grupo diz, no entanto, que intensidade da nova onda é baixa se comparada com o que ocorreu entre 2020 e 2022. Imagem do vírus da Covid-19 Peter Linforth/Pixabay Na última quinta-feira (15), o Distrito Federal registrou a primeira morte por Covid-19 em 2024. A vítima, uma mulher com idade entre 30 e 39 anos, sem comorbidades, morava na região de Santa Maria e, conforme a Secretaria de Saúde do DF, não tinha tomado todas as doses da vacina. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 DF no WhatsApp. A pasta também apontou um aumento de 102,1% nos casos de Covid em uma semana: as notificações subiram de 828 novos casos para 1.673 novos casos da doença entre 3 e 10 de fevereiro. Segundo pesquisadores, esses números e o óbito alertam para uma possível nova onda do doença ⚠️. O g1 conversou com o pesquisador do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento, da Universidade de Brasília Tarcísio Rocha Filho. Ele faz parte de um grupo de pesquisadores da UnB, da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) que acompanham os casos de Covid-19 no Brasil desde 2020. Para o pesquisador, o vírus nunca deixou de circular na população, e há uma nova onda em curso. Mesmo que menos intensa do que a vivida entre 2020 e 2022, ela preocupa, principalmente com o período de volta às aulas (leia a entrevista abaixo). g1: É possível dizer que a Covid-19 voltou? Tarcísio Rocha Filho: Na verdade, o vírus SARS-CoV-2 nunca deixou de circular na população, embora em muito menor intensidade do que no auge da pandemia. Isso permite que o vírus mude, e que novas variantes apareçam, que são mais contagiosas. No Brasil ocorreram cerca de 12 mil mortes ao longo do último ano e 862 no último mês. O número oficial de casos, que sempre é bastante subestimado, foi de 1,5 milhão em todo o país em um ano, sendo 150 mil no último. Há uma nova onda em curso, de baixa intensidade, mas em diferentes estágios segundo o local. g1: Quais são as possíveis causas dessa nova onda de Covid-19? Tarcísio Rocha Filho: Novas ondas são causadas pela aparição de novas variantes que conseguem, de alguma forma, driblar a imunidade adquirida ao ter a doença ou pela vacinação. g1: As férias e o carnaval podem ter aumentado as chances de contágio? Tarcísio Rocha Filho: Períodos de férias facilitam o deslocamento de pessoas entre cidades, e portanto uma mais rápida circulação de novas variante por todo o território. Já o carnaval causa grandes aglomerações em um curto período de tempo, o que também facilita a transmissão do vírus entre as pessoas. g1: E quando a população poderá sentir, com relação ao número de casos, o efeito desse tempo de 'descuido'? Tarcísio Rocha Filho: O tempo de incubação do vírus é em torno de cinco dias. Mas, o que se espera, é uma onda de baixa intensidade quando comparada com o que ocorreu entre 2020 e 2022. g1: A volta as aulas é uma preocupação nesse momento? Tarcísio Rocha Filho: A volta às aulas tende a aumentar a circulação do vírus. Apesar de os casos serem mais leves em crianças, com raros casos graves, elas transmitem o vírus para os pais e pessoas próximas. Não há razão para qualquer suspensão de atividades escolares, apenas uma maior atenção para identificar casos. É de extrema importância vacinar também todas as crianças de forma completa, como para qualquer outra doença para a qual exista uma vacina. A grande maioria dos casos graves da Covid-19, que podem levar à morte, são de pessoas que não se vacinaram apropriadamente. g1: Existem novos sintomas, além dos já conhecidos como febre e tosse? Tarcísio Rocha Filho: Os sintomas permanecem essencialmente os mesmos. Por vezes, pode parecer um quadro gripal, o que leva muitas pessoas a não suspeitar da Covid-19, o que também favorece a transmissão do vírus (veja mais abaixo os sintomas da Covid-19). g1: Como se proteger dessa nova onda da doença? Tarcísio Rocha Filho: A principal medida é manter a vacinação em dia, com a última forma da vacina. Não basta ter tomado uma ou duas doses, pois a proteção cai com o tempo, e as primeiras vacinas não eram adaptadas para as atuais variantes. Sempre que houver um aumento do número de casos, e sobretudo para os grupos de risco, evitar aglomerações e usar máscaras apropriadas. Covid-19 no DF De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a taxa de transmissão da Covid-19 voltou a subir e, na última semana, estava em 1,23. Ou seja: cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 123. Ainda segundo a secretaria, em apenas uma semana foram registrados 1.673 novos casos da doença. O aumento foi de 102,1% em relação a semana epidemiológica anterior, quando foram registrados 828 novos casos. Na última semana, a taxa de ocupação do

Mar 8, 2024 - 17:37
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Covid-19: pesquisadores alertam para possibilidade de nova onda da doença

Brasília registrou primeira morte por Covid em 2024. 'Vírus nunca deixou de circular', explica pesquisador da UnB que estuda contágio com cientistas de outras três universidades federais; grupo diz, no entanto, que intensidade da nova onda é baixa se comparada com o que ocorreu entre 2020 e 2022. Imagem do vírus da Covid-19 Peter Linforth/Pixabay Na última quinta-feira (15), o Distrito Federal registrou a primeira morte por Covid-19 em 2024. A vítima, uma mulher com idade entre 30 e 39 anos, sem comorbidades, morava na região de Santa Maria e, conforme a Secretaria de Saúde do DF, não tinha tomado todas as doses da vacina. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 DF no WhatsApp. A pasta também apontou um aumento de 102,1% nos casos de Covid em uma semana: as notificações subiram de 828 novos casos para 1.673 novos casos da doença entre 3 e 10 de fevereiro. Segundo pesquisadores, esses números e o óbito alertam para uma possível nova onda do doença ⚠️. O g1 conversou com o pesquisador do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento, da Universidade de Brasília Tarcísio Rocha Filho. Ele faz parte de um grupo de pesquisadores da UnB, da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) que acompanham os casos de Covid-19 no Brasil desde 2020. Para o pesquisador, o vírus nunca deixou de circular na população, e há uma nova onda em curso. Mesmo que menos intensa do que a vivida entre 2020 e 2022, ela preocupa, principalmente com o período de volta às aulas (leia a entrevista abaixo). g1: É possível dizer que a Covid-19 voltou? Tarcísio Rocha Filho: Na verdade, o vírus SARS-CoV-2 nunca deixou de circular na população, embora em muito menor intensidade do que no auge da pandemia. Isso permite que o vírus mude, e que novas variantes apareçam, que são mais contagiosas. No Brasil ocorreram cerca de 12 mil mortes ao longo do último ano e 862 no último mês. O número oficial de casos, que sempre é bastante subestimado, foi de 1,5 milhão em todo o país em um ano, sendo 150 mil no último. Há uma nova onda em curso, de baixa intensidade, mas em diferentes estágios segundo o local. g1: Quais são as possíveis causas dessa nova onda de Covid-19? Tarcísio Rocha Filho: Novas ondas são causadas pela aparição de novas variantes que conseguem, de alguma forma, driblar a imunidade adquirida ao ter a doença ou pela vacinação. g1: As férias e o carnaval podem ter aumentado as chances de contágio? Tarcísio Rocha Filho: Períodos de férias facilitam o deslocamento de pessoas entre cidades, e portanto uma mais rápida circulação de novas variante por todo o território. Já o carnaval causa grandes aglomerações em um curto período de tempo, o que também facilita a transmissão do vírus entre as pessoas. g1: E quando a população poderá sentir, com relação ao número de casos, o efeito desse tempo de 'descuido'? Tarcísio Rocha Filho: O tempo de incubação do vírus é em torno de cinco dias. Mas, o que se espera, é uma onda de baixa intensidade quando comparada com o que ocorreu entre 2020 e 2022. g1: A volta as aulas é uma preocupação nesse momento? Tarcísio Rocha Filho: A volta às aulas tende a aumentar a circulação do vírus. Apesar de os casos serem mais leves em crianças, com raros casos graves, elas transmitem o vírus para os pais e pessoas próximas. Não há razão para qualquer suspensão de atividades escolares, apenas uma maior atenção para identificar casos. É de extrema importância vacinar também todas as crianças de forma completa, como para qualquer outra doença para a qual exista uma vacina. A grande maioria dos casos graves da Covid-19, que podem levar à morte, são de pessoas que não se vacinaram apropriadamente. g1: Existem novos sintomas, além dos já conhecidos como febre e tosse? Tarcísio Rocha Filho: Os sintomas permanecem essencialmente os mesmos. Por vezes, pode parecer um quadro gripal, o que leva muitas pessoas a não suspeitar da Covid-19, o que também favorece a transmissão do vírus (veja mais abaixo os sintomas da Covid-19). g1: Como se proteger dessa nova onda da doença? Tarcísio Rocha Filho: A principal medida é manter a vacinação em dia, com a última forma da vacina. Não basta ter tomado uma ou duas doses, pois a proteção cai com o tempo, e as primeiras vacinas não eram adaptadas para as atuais variantes. Sempre que houver um aumento do número de casos, e sobretudo para os grupos de risco, evitar aglomerações e usar máscaras apropriadas. Covid-19 no DF De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a taxa de transmissão da Covid-19 voltou a subir e, na última semana, estava em 1,23. Ou seja: cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 123. Ainda segundo a secretaria, em apenas uma semana foram registrados 1.673 novos casos da doença. O aumento foi de 102,1% em relação a semana epidemiológica anterior, quando foram registrados 828 novos casos. Na última semana, a taxa de ocupação dos leitos públicos de UTI também subiu e estava em 95,16%. Veja os números da Covid no DF, de acordo com a Secretaria de Saúde, desde o início da pandemia: Total de casos: 931.279 Total de mortes: 10.990 Covid x Dengue Sintomas da Covid e da dengue Reprodução/GloboNews O país vive, em 2024, um aumento também dos casos de dengue. Os sintomas das duas doenças, apesar de semelhantes, têm suas particularidades. Na dengue, o sintoma mais clássico é a febre alta, que aparece abruptamente no começo da infecção. A Covid tem como característica os sintomas respiratórios. ???? Principais sintomas da dengue Febre alta, superior a 38°C Dor no corpo e articulações Dor atrás dos olhos Mal-estar Falta de apetite Dor de cabeça Manchas vermelhas no corpo ???? Principais sintomas da Covid Tosse Dor de garganta Coriza Perda de olfato Dor abdominal Fadiga VÍDEO: g1 esclarece uma fake news sobre a vacina contra Covid-19 g1 esclarece fake news sobre vacina contra Covid-19 LEIA TAMBÉM: DENGUE HEMORRÁGICA: Como se manifesta a forma mais grave da doença COVID: Vacinação passa a ser anual para crianças e grupos prioritários a partir de 2024 Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

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