Covid-19: doses entregues da vacina atualizada representam menos de 20% do grupo prioritário; veja quem pode tomar

Imunização será destinada aos mais vulneráveis, como idosos, crianças menores de cinco anos, imunocomprometidos e grávidas. Vacina contra a Covid-19 Divulgação/FMS A vacinação contra a Covid começou em vários estados, como São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e Tocantins. Mas a quantidade de doses disponibilizada pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios não deve cobrir nem 20% do grupo considerado prioritário. Segundo o Ministério da Saúde, na primeira quinzena de maio, o país recebeu 9,5 milhões de doses da vacina da Moderna, que foi atualizada contra a variante XBB da Covid-19. Elas fazem parte de um contrato emergencial de 12,5 milhões de doses (a Adium, empresa que representa a Moderna no país, informou que completou a entrega da cota emergencial no dia 22 de maio). No entanto, essas 12,5 milhões de doses conseguem imunizar menos de 20% do grupo prioritário estipulado para receber a vacina em 2024 (veja a lista mais abaixo), estimado em mais de 65 milhões de pessoas. Vale lembrar que idosos a partir de 60 anos, imunocomprometidos a partir de 5 anos, gestantes e puérperas deverão receber duas doses, com intervalo de seis meses. Se calcularmos as 9,5 milhões, a cobertura não chegará a 15% desse público. O governo diz que "o processo para compra de mais 69 milhões de doses de vacinas atualizadas, que serão entregues conforme necessidade da pasta, está em andamento", mas não informou quando elas chegarão ao país. O g1 questionou o Ministério da Saúde sobre as doses adicionais, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem. Novo lote de vacinas da Moderna contra a Covid chega ao Brasil Vacina só para os grupos prioritários Assim como ocorre na campanha de vacinação contra a gripe, a imunização contra a Covid será destinada a um determinado grupo, considerado mais vulnerável. Ela não estará mais disponível gratuitamente para toda a população. O ministério informou que segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ofertar a vacinação periódica para os grupos de maior risco. Apesar de não contemplar toda a população, a pasta diz que pessoas que não foram vacinadas com os esquemas primários de pelo menos duas doses nos anos anteriores podem receber uma dose da vacina atualizada. Veja lista de prioritários: Pessoas de 60 anos ou mais Pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILPI e RI) e seus trabalhadores Pessoas imunocomprometidas a partir de 5 anos de idade Indígenas Povos e comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas Gestantes e puérperas Trabalhadores da saúde Pessoas com deficiência permanente População privada de liberdade e funcionários do sistema de privação de liberdade, adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas Pessoas com comorbidades Pessoas em situação de rua Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que a decisão do Ministério da Saúde está correta do ponto de vista de saúde pública. Atualmente, os países não fazem mais vacinação universal como nos anos de pandemia. A recomendação é para grupos específicos. "Essa é a estratégia usada na maioria dos países, estamos em um momento muito melhor. O vírus continua circulando, mas quando olhamos quem está morrendo e quem está sendo hospitalizado, são as crianças menores de cinco anos e os mais velhos, maiores de 80 anos. Não podemos deixar de vacinar essas pessoas de alto risco", explica a epidemiologista Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Dados do último informe epidemiológico apontam que foram notificados 591.951 casos de coronavírus no Brasil em 2024 e 3.452 óbitos. Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da SBIm, completa que a imunidade construída ao longo dos últimos anos, fruto da exposição ao vírus e doses de vacina, fez com que a população tivesse uma imunidade híbrida, que protege o adulto saudável, sem fatores de risco, contra formas mais graves. "Diferente do passado, alguém saudável que tenha mais de cinco anos e menos de 60 anos, dificilmente vai parar no hospital se estiver vacinado, porque já construiu sua resposta imune. Mas isso não inclui os mais vulneráveis, como os idosos, que têm o envelhecimento do sistema imunológico ou as crianças pequenas, que nunca se expuseram ao vírus ou vacinas", diz. Os especialistas lembram que, pensando no individual, a vacina é importante para todos. A pessoa que está fora do grupo prioritário poderá receber a imunização em clínicas privadas, quando estiver disponível, da mesma forma que ocorre com a gripe. Covid-19 no calendário de vacinação infantil No começo do ano, o Ministério da Saúde incluiu a imunização contra a Covid-19 no Calendário Nacional de Vacinação das crianças de seis meses a menores de cinco anos. "O grupo das crianças é o segundo que mais hospitaliza. Os menores de dois anos só perdem para os maiores de 80 anos, justamente por essa inexperiência, falta de contato com o vírus e vacina. Por isso, é importante duas estratégias: a vacinação da grávida para protege

Jun 8, 2024 - 06:20
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Covid-19: doses entregues da vacina atualizada representam menos de 20% do grupo prioritário; veja quem pode tomar

Imunização será destinada aos mais vulneráveis, como idosos, crianças menores de cinco anos, imunocomprometidos e grávidas. Vacina contra a Covid-19 Divulgação/FMS A vacinação contra a Covid começou em vários estados, como São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e Tocantins. Mas a quantidade de doses disponibilizada pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios não deve cobrir nem 20% do grupo considerado prioritário. Segundo o Ministério da Saúde, na primeira quinzena de maio, o país recebeu 9,5 milhões de doses da vacina da Moderna, que foi atualizada contra a variante XBB da Covid-19. Elas fazem parte de um contrato emergencial de 12,5 milhões de doses (a Adium, empresa que representa a Moderna no país, informou que completou a entrega da cota emergencial no dia 22 de maio). No entanto, essas 12,5 milhões de doses conseguem imunizar menos de 20% do grupo prioritário estipulado para receber a vacina em 2024 (veja a lista mais abaixo), estimado em mais de 65 milhões de pessoas. Vale lembrar que idosos a partir de 60 anos, imunocomprometidos a partir de 5 anos, gestantes e puérperas deverão receber duas doses, com intervalo de seis meses. Se calcularmos as 9,5 milhões, a cobertura não chegará a 15% desse público. O governo diz que "o processo para compra de mais 69 milhões de doses de vacinas atualizadas, que serão entregues conforme necessidade da pasta, está em andamento", mas não informou quando elas chegarão ao país. O g1 questionou o Ministério da Saúde sobre as doses adicionais, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem. Novo lote de vacinas da Moderna contra a Covid chega ao Brasil Vacina só para os grupos prioritários Assim como ocorre na campanha de vacinação contra a gripe, a imunização contra a Covid será destinada a um determinado grupo, considerado mais vulnerável. Ela não estará mais disponível gratuitamente para toda a população. O ministério informou que segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ofertar a vacinação periódica para os grupos de maior risco. Apesar de não contemplar toda a população, a pasta diz que pessoas que não foram vacinadas com os esquemas primários de pelo menos duas doses nos anos anteriores podem receber uma dose da vacina atualizada. Veja lista de prioritários: Pessoas de 60 anos ou mais Pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILPI e RI) e seus trabalhadores Pessoas imunocomprometidas a partir de 5 anos de idade Indígenas Povos e comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas Gestantes e puérperas Trabalhadores da saúde Pessoas com deficiência permanente População privada de liberdade e funcionários do sistema de privação de liberdade, adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas Pessoas com comorbidades Pessoas em situação de rua Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que a decisão do Ministério da Saúde está correta do ponto de vista de saúde pública. Atualmente, os países não fazem mais vacinação universal como nos anos de pandemia. A recomendação é para grupos específicos. "Essa é a estratégia usada na maioria dos países, estamos em um momento muito melhor. O vírus continua circulando, mas quando olhamos quem está morrendo e quem está sendo hospitalizado, são as crianças menores de cinco anos e os mais velhos, maiores de 80 anos. Não podemos deixar de vacinar essas pessoas de alto risco", explica a epidemiologista Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Dados do último informe epidemiológico apontam que foram notificados 591.951 casos de coronavírus no Brasil em 2024 e 3.452 óbitos. Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da SBIm, completa que a imunidade construída ao longo dos últimos anos, fruto da exposição ao vírus e doses de vacina, fez com que a população tivesse uma imunidade híbrida, que protege o adulto saudável, sem fatores de risco, contra formas mais graves. "Diferente do passado, alguém saudável que tenha mais de cinco anos e menos de 60 anos, dificilmente vai parar no hospital se estiver vacinado, porque já construiu sua resposta imune. Mas isso não inclui os mais vulneráveis, como os idosos, que têm o envelhecimento do sistema imunológico ou as crianças pequenas, que nunca se expuseram ao vírus ou vacinas", diz. Os especialistas lembram que, pensando no individual, a vacina é importante para todos. A pessoa que está fora do grupo prioritário poderá receber a imunização em clínicas privadas, quando estiver disponível, da mesma forma que ocorre com a gripe. Covid-19 no calendário de vacinação infantil No começo do ano, o Ministério da Saúde incluiu a imunização contra a Covid-19 no Calendário Nacional de Vacinação das crianças de seis meses a menores de cinco anos. "O grupo das crianças é o segundo que mais hospitaliza. Os menores de dois anos só perdem para os maiores de 80 anos, justamente por essa inexperiência, falta de contato com o vírus e vacina. Por isso, é importante duas estratégias: a vacinação da grávida para proteger nos seis primeiros meses de vida da criança e a vacinação a partir dos seis meses", completa Kfouri, que também é pediatra e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

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