'Aedes do Bem' ficou sem viabilidade econômica e não atingiu expectativas, diz Prefeitura de Piracicaba; empresa refuta

Cidade vive alta nos casos e tem situação considerada de risco pela Secretaria de Saúde, mas não registra epidemia. Oxitec afirmou que resultados do projeto, em fase experimental na época, geraram pico de supressão do Aedes em 98% na área tratada. 'Aedes do Bem': Piracicaba diz que projeto 'não atingiu resultados esperados' Com o projeto-piloto Aedes do Bem encerrado e a fábrica fechada em Piracicaba desde 2018, a Administração Municipal atual afirmou que a iniciativa de combate à proliferação da dengue se tornou "economicamente inviável" e que "não atingiu os resultados esperados", - nas palavras da prefeitura. A cidade foi pioneira nos testes com o mosquito vetor da dengue geneticamente modificado em laboratório entre 2014 e 2018. A empresa responsável pela iniciativa refuta a declaração. "Sobre o projeto Aedes do Bem, ele ficou economicamente inviável uma vez que, além do alto custo para sua manutenção, os resultados obtidos no seu projeto-piloto não atingiram as expectativas desejadas", comunicou em nota. A Oxitec, empresa responsável pela solução, refutou a declaração da atual gestão municipal em exercício, que não é a mesma que contratou o projeto-piloto para os testes. A multinacional britânica ressaltou que os resultados do projeto, em fase experimental na época, geraram pico de supressão do Aedes aegypti em 98% nas áreas tratadas. - ????Leia, mais detalhes, abaixo, na reportagem. A empresa esclarece ainda que, na época em que o projeto-piloto foi aplicado em fase de testes, a solução era diferente do modelo atual. A prefeitura de Piracicaba iniciou um projeto piloto usando a solução Aedes do Bem™, com o objetivo de um estudo científico de campo. Nele, os mosquitos adultos eram soltos no ambiente. Agora, ficam em potes com ovos. O projeto ocorre com uma nova tecnologia e os custos da solução "já reduziram bastante", segundo a empresa. O investimento anunciado para a inauguração da planta da fábrica do Aedes do Bem em Piracicaba, em 2016, foi de R$ 30 milhões. Primeira geração O Aedes do Bem de primeira geração foi um projeto de mosquitos geneticamente modificados que cruzam com as fêmeas selvagens e as larvas geradas por elas não chegam à fase adulta, diminuindo a população do mosquito na região, e consequentemente, de casos de dengue. Em 2017, a administração vigente anunciou que o mosquito transgênico reduziu em 81% população de Aedes no bairro onde o projeto, em fase experimental, foi aplicado em Piracicaba. Em 2021, já com a gestão atual, a prefeitura afirmou que estudava voltar com a iniciativa. Prefeitura Larvas do mosquito da dengue Reprodução/EPTV Ao g1, a administração municipal afirmou ainda, no último dia 2 de fevereiro, que estuda outras possibilidades de menor custo. A Secretaria de Saúde afirmou que segue buscando alternativas sustentáveis e de menor custo para o combate ao mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. "Entre eles o Método Wolbachia, realizado no Brasil pelo Instituo Fiocruz/RJ e que conta com financiamento do Ministério da Saúde", completou. Número de casos Piracicaba (SP) confirmou uma média de 45 casos de dengue por dia na última semana. Foram 320 novos casos, totalizando 1.189 desde 1º de janeiro, segundo balanço mais recente divulgado pela prefeitura no último dia 16 de fevereiro. A busca por testes de dengue nos hospitais particulares registrou alta na cidade. Fábrica de Mosquitos Aedes do Bem em Piracicaba/Arquivo Claudia Assencio/G1 Empresa A Oxitec, empresa responsável pelo projeto-piloto com os Aedes geneticamente modificados na época afirmou que, nos anos de aplicação dos testes, houve resultado positivo nos bairros que antes, tinham mais incidência de casos. A multinacional britânica de biotecnologia, responsável por fazer a mutação genética do mosquito aedes, disse ainda que a iniciativa teve aceitação da população na região. "O projeto utilizava a primeira linhagem dos mosquitos autolimitantes OX513A, que fazia a soltura de mosquitos adultos em áreas estratégicas do município. Durante quatro anos do projeto piloto, os resultados geraram um pico de supressão do Aedes aegypti nas áreas tratadas em 98%, com redução nos casos de dengue no CECAP após o 1º ano do projeto", especificou a CEO da Oxitec no Brasil, Natalia Ferreira. Uma pesquisa formal de opinião pública, feita em maio de 2019 com 1,2 mil moradores das regiões onde o piloto foi aplicado, apontou 92% de apoio ao projeto. Segundo o estudo, 94% dos respondentes gostariam que o projeto fosse expandido para outras áreas e 93% queriam a continuidade do mesmo, conforme a Oxitec. LEIA MAIS 'Aedes do bem' em casa? Mosquito com modificação genética para combater dengue ganha versão domiciliar Minicápsulas com mosquito transgênico reduzem população do Aedes em 95% em Indaiatuba Bairro com Aedes transgênico teve 91% menos dengue em Piracicaba Mosquito transgênico reduz em 81% população de Aedes em bairro de Piracicaba Aedes do Bem em fábrica da Oxitec em Piracicaba antes de serem soltos/A

Mar 8, 2024 - 17:37
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'Aedes do Bem' ficou sem viabilidade econômica e não atingiu expectativas, diz Prefeitura de Piracicaba; empresa refuta

Cidade vive alta nos casos e tem situação considerada de risco pela Secretaria de Saúde, mas não registra epidemia. Oxitec afirmou que resultados do projeto, em fase experimental na época, geraram pico de supressão do Aedes em 98% na área tratada. 'Aedes do Bem': Piracicaba diz que projeto 'não atingiu resultados esperados' Com o projeto-piloto Aedes do Bem encerrado e a fábrica fechada em Piracicaba desde 2018, a Administração Municipal atual afirmou que a iniciativa de combate à proliferação da dengue se tornou "economicamente inviável" e que "não atingiu os resultados esperados", - nas palavras da prefeitura. A cidade foi pioneira nos testes com o mosquito vetor da dengue geneticamente modificado em laboratório entre 2014 e 2018. A empresa responsável pela iniciativa refuta a declaração. "Sobre o projeto Aedes do Bem, ele ficou economicamente inviável uma vez que, além do alto custo para sua manutenção, os resultados obtidos no seu projeto-piloto não atingiram as expectativas desejadas", comunicou em nota. A Oxitec, empresa responsável pela solução, refutou a declaração da atual gestão municipal em exercício, que não é a mesma que contratou o projeto-piloto para os testes. A multinacional britânica ressaltou que os resultados do projeto, em fase experimental na época, geraram pico de supressão do Aedes aegypti em 98% nas áreas tratadas. - ????Leia, mais detalhes, abaixo, na reportagem. A empresa esclarece ainda que, na época em que o projeto-piloto foi aplicado em fase de testes, a solução era diferente do modelo atual. A prefeitura de Piracicaba iniciou um projeto piloto usando a solução Aedes do Bem™, com o objetivo de um estudo científico de campo. Nele, os mosquitos adultos eram soltos no ambiente. Agora, ficam em potes com ovos. O projeto ocorre com uma nova tecnologia e os custos da solução "já reduziram bastante", segundo a empresa. O investimento anunciado para a inauguração da planta da fábrica do Aedes do Bem em Piracicaba, em 2016, foi de R$ 30 milhões. Primeira geração O Aedes do Bem de primeira geração foi um projeto de mosquitos geneticamente modificados que cruzam com as fêmeas selvagens e as larvas geradas por elas não chegam à fase adulta, diminuindo a população do mosquito na região, e consequentemente, de casos de dengue. Em 2017, a administração vigente anunciou que o mosquito transgênico reduziu em 81% população de Aedes no bairro onde o projeto, em fase experimental, foi aplicado em Piracicaba. Em 2021, já com a gestão atual, a prefeitura afirmou que estudava voltar com a iniciativa. Prefeitura Larvas do mosquito da dengue Reprodução/EPTV Ao g1, a administração municipal afirmou ainda, no último dia 2 de fevereiro, que estuda outras possibilidades de menor custo. A Secretaria de Saúde afirmou que segue buscando alternativas sustentáveis e de menor custo para o combate ao mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. "Entre eles o Método Wolbachia, realizado no Brasil pelo Instituo Fiocruz/RJ e que conta com financiamento do Ministério da Saúde", completou. Número de casos Piracicaba (SP) confirmou uma média de 45 casos de dengue por dia na última semana. Foram 320 novos casos, totalizando 1.189 desde 1º de janeiro, segundo balanço mais recente divulgado pela prefeitura no último dia 16 de fevereiro. A busca por testes de dengue nos hospitais particulares registrou alta na cidade. Fábrica de Mosquitos Aedes do Bem em Piracicaba/Arquivo Claudia Assencio/G1 Empresa A Oxitec, empresa responsável pelo projeto-piloto com os Aedes geneticamente modificados na época afirmou que, nos anos de aplicação dos testes, houve resultado positivo nos bairros que antes, tinham mais incidência de casos. A multinacional britânica de biotecnologia, responsável por fazer a mutação genética do mosquito aedes, disse ainda que a iniciativa teve aceitação da população na região. "O projeto utilizava a primeira linhagem dos mosquitos autolimitantes OX513A, que fazia a soltura de mosquitos adultos em áreas estratégicas do município. Durante quatro anos do projeto piloto, os resultados geraram um pico de supressão do Aedes aegypti nas áreas tratadas em 98%, com redução nos casos de dengue no CECAP após o 1º ano do projeto", especificou a CEO da Oxitec no Brasil, Natalia Ferreira. Uma pesquisa formal de opinião pública, feita em maio de 2019 com 1,2 mil moradores das regiões onde o piloto foi aplicado, apontou 92% de apoio ao projeto. Segundo o estudo, 94% dos respondentes gostariam que o projeto fosse expandido para outras áreas e 93% queriam a continuidade do mesmo, conforme a Oxitec. LEIA MAIS 'Aedes do bem' em casa? Mosquito com modificação genética para combater dengue ganha versão domiciliar Minicápsulas com mosquito transgênico reduzem população do Aedes em 95% em Indaiatuba Bairro com Aedes transgênico teve 91% menos dengue em Piracicaba Mosquito transgênico reduz em 81% população de Aedes em bairro de Piracicaba Aedes do Bem em fábrica da Oxitec em Piracicaba antes de serem soltos/Arquivo Claudia Assencio/G1 "Em Indaiatuba (SP), projeto que também durou 4 anos, obtivemos resultados comprovados publicados pela Revista Científica Frontiers in Bioengineering and Biotechnology, levando à supressão significativa da população de Aedes aegypti local em até 96%, durante 11 meses em comunidades urbanas densamente povoadas e afetadas pela dengue", completou Natalia. Os dois projetos pilotos, segundo Natalia, foram fundamentais para gerar insights e melhorias no produto. "Dentre eles a forma de aplicação, embalagem, comercialização e precificação, trazendo a nova linhagem OX5034, vendida para governos, empresas e consumidores finais desde 2021", concluiu. Natalia salienta ainda que os contratos com cada município variam, baseado na quantidade de hectares a serem tratados com a solução. "Algumas cidades optam por tratar toda sua área urbana, enquanto outras preferem iniciar o tratamento em bairros mais endêmicos para viabilizar o projeto", explicou. Processo separava mosquitos Aedes machos de fêmeas em fábrica de Piracicaba Claudia Assencio/G1 Nova fábrica Com a recente construção da nova fábrica em Campinas (SP), a Oxitec aumentou a oferta dos Aedes do Bem através de novos processos, novos equipamentos, além de automações na produção. Isso permitiu a oferta da solução para diversas empresas, indústrias e cidades de todo o Brasil, aumentando a capacidade produtiva e possibilitando a redução de custos. Aedes do Bem tem versão mini para combater doenças em uso residencial Felipe Tucci/Produtora São Paulo Aedes do Bem em casa: veja como funciona Mais recentemente, o projeto "Aedes do Bem", que utiliza mosquitos geneticamente modificados em laboratório para atuar no combate ao vetor da dengue, ganhou um novo modelo que utiliza "mini caixas" da tecnologia em versões domésticas, com dosagem menor dos insetos para uso em residências ou pequenos estabelecimentos comerciais. Como funciona a 'versão' para residências? ???? ???? O processo e a modificação genética são os mesmos. A partir do momento em que o consumidor final compra a caixa mini do "Aedes do Bem" para soltar no quintal de casa, pátio de empresa ou em pequenos comércios, ela faz a ativação dos ovos com água, eles eclodem e o inseto surge no interior da caixa. ???? O período para que o mosquito se desenvolva é de 10 a 14 dias. A partir disso, ele começa a sair entrar em contato com os Aedes fêmea. Para manter as liberações constantes, o consumidor deve ativar uma nova caixa a cada 28 dias. Quanto custa e como encontrar? ???? ???? Cada mini caixa está à venda no site da empresa por R$ 199. O envio é feito no Brasil inteiro, mas o projeto também está disponível em lojas físicas. O desafio, no entanto, segundo a CEO, é entender qual é o segmento que melhor se encaixa na proposta. Piracicaba não tem situação de epidemia, diz Saúde Na última semana, a Prefeitura de Piracicaba já tinha confirmado que o cenário atual é de risco para a doença e que a cidade tem circulação do vírus de tipo 1. No entanto, apesar dos casos em alta, a situação atual da dengue em Piracicaba não é de epidemia. Para que seja confirmada epidemia da doença, são necessários dois fatores, nenhum deles confirmado até agora na cidade: Incidência da doença permanecer em ascensão por quatro semanas consecutivas Registrar mais de 300 casos confirmados da doença a cada 100 mil habitantes Segundo a prefeitura, atualmente a cidade está na semana epidemiológica de número 7, que se encerrou no domingo (18). A progressão da dengue na cidade nas últimas quatro semanas apontou uma queda no número de confirmações. A última vez que a cidade registrou epidemia da doença foi em 2019. Em 2021 a prefeitura chegou a dizer que a cidade tinha condições para um cenário epidêmico, mas a situação não foi confirmada no balanço final do ano. Casos por região Segundo o boletim mais atualizado, não foram registradas mortes pela doença e os casos estão distribuídos da seguinte forma: A situação permanece mais grave na zona Leste da cidade, que compreende a região entre os bairros Agronomia, Cecap, Conceição, Dois Córregos, Jardim Abaeté, Jardim São Francisco, Monte Alegre, Morumbi, Piracicamirim, Pompéia, Santa Cecília, Santa Rita, Taquaral, Unileste, Vila Independência, Vila Monteiro. Como evitar o Aedes???? Segundo a prefeitura, são feitas ações durante o ano todo para evitar a proliferação do mosquito da dengue, com visitas e mutirões em todos os bairros, além da coleta de materiais inservíveis. Caso a pessoa apresente sintomas da dengue - que são febre alta, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas pela pele, além de diarreia e vômitos - deve procurar uma unidade de saúde para atendimento médico. Veja algumas das orientações para evitar a proliferação do Aedes: Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros; Tampe os tonéis e caixas d’água; Mantenha as calhas limpas; Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo; Mantenha lixeiras bem tampadas; Deixe ralos limpos e com aplicação de tela; Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia; Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais; Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas; Coloque repelentes elétricos próximos às janelas – o uso é contraindicado para pessoas alérgicas; Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados; Evite produtos de higiene com perfume, pois podem atrair insetos; Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região Veja mais notícias no g1 Piracicaba

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